Pular para o conteúdo principal

Princípio do merecimento

Vamos refletir um pouco sobre os padrões de pensamentos que geram ou geraram em nós a forte impressão de não sermos merecedores das dádivas da vida. 

Normalmente, defende-se a idéia de que algumas pessoas nascem em total privilégio, enquanto outras nascem desprivilegiadas. Você já não acredita nisso, não é mesmo? Porém, essa noção de privilégio e desprivilegio vem acompanhando o homem há muito tempo e está relacionada com a crença na existência de um ser superior. 

É importante entendermos que a filosofia de vida do ser humano é determinada pela religião, pois dela decorrem as regras sociais e morais. A religião exerceu influência marcante na imagem que o homem tinha de si mesmo. 

O mito da separação

A visão de si mesmo como vítima está arraigada no homem há milênios. 

No ocidente, essa visão contou com o reforço de algumas crenças religiosas. 
A filosofia de Cristo, por exemplo, nunca foi suficientemente bem entendida. 
A ideia da integração com a fonte de vida sempre esteve implícita em seus ensinamentos – “Eu e o pai somos um”, Vós também sois deuses” . – anulando a noção do homem separado de Deus e conseqüentemente vítima desse ser.


Essa imagem de um Ser distante que julga e castiga, aliada à concepção da impureza do homem, fortalecem o mito da separação, ou seja, mantém o homem na ilusão de estar separado de Deus e de toda a natureza. 


Quando o homem está na dependência externa, são os outros que comandam sua vida. 
Ele não desenvolve a capacidade de usar as habilidades interiores para criar resultados benéficos. 
Como a pressão externa é muito forte, o homem, incapaz de corresponder a todas as normas impostas começa a sentir: revolta, porque se vê tolhido na liberdade de ação. Culpa, porque não consegue cumprir as exigências absurdas e perfeccionistas impostas. Medo de viver e errar, porque acredita em punição e castigo (e somos nós que sempre nos impomos punições). Medo da reprovação alheia e da rejeição (na verdade nós estamos rejeitando a nossa própria essência) 


Em suma, o paternalismo não deixa o indivíduo crescer. Paternalismo e competência não andam juntos. 

Ao romper com a dependência externa, o homem faz do eu interior o seu guia. O eu interior é a essência que capta a vida como ela realmente é e não como parece ser.

Nessa postura, o homem discerne o real do ilusório, porque está ligado na essência, no sentir, e não nas distorções da mente. A mente distorce o verdadeiro, pois está repleta de valores morais, sociais e condicionamentos que nos levam a ver a vida de acordo com o senso de realidade que criamos para nós.

Do Livro: Faça dar Certo
Luiz Antonio GAsparetto


Comentários